terça-feira, 15 de abril de 2014

Texto- Moita Lopes- Letramento


A disciplina da Professora Flávia Dutra foi extremamente agradável, não só pela competência e simpatia da docente, mas também pelas discussões e bibliografia  propostas pela mesma de forma a auxiliar-nos em nossos fazeres diários.

Segue, abaixo, o roteiro de apresentação do trabalho final da Disciplina: 

Roteiro do texto: MOITA LOPES, L.P. Os novos letramentos digitais como lugares de construção de ativismo político sobre sexualidade e gênero. Trab. Ling. Aplic., Campinas, 49(2): 393-417, Jul. /Dez. 2010.

1- Introdução
A-    Os Novos letramentos digitais na web 2.0 como a “praça pública”, na qual o público e o privado estão continuamente em discussão, distantes dos olhares institucionais e no anonimato.
B-    O ethos colaborativo da web 2.0 possibilita a discussão, a reinvenção social, o agenciamento e a transgressão.
C-    Tecnologia como “prática de ação política” (Moita Lopes, 2010).
D-    Moita Lopes (2010) faz uma crítica às pesquisas em L.A. no campo do ensino de línguas por computador que reduzem a tecnologia à simples mecanização técnica dissociada de questões sociopolíticas e discursivas.
E-     A internet como o “espaço da Multidão”:
ü  Multidão: “é composta de inúmeras diferenças internas que nunca poderão ser reduzidas a uma unidade ou identidade única – diferentes culturas, raças, etnias, gêneros e orientações sexuais; diferentes formas de trabalho; diferentes maneiras de viver; diferentes visões de mundo; e diferentes desejos.” (Hardt e Negri, 2005, p.12 apud Moita Lopes, 2010, p.12).
ü  “o conceito de Multidão contrariamente implica o acirramento da diferença e da alteridade e uma gama de possibilidades para a vida social e de discursos que a constroem ou a transformam de uma forma nunca experimentada antes...” (Moita Lopes, 2010, p.395).
F--Internet como espaço de hipersemiotização e multiplicidade de perfomances identitárias.
ü  Os “donos da tecnologia”- rompimento da representação da tecnologia como espaço da dominação.
ü  Lan house como campo facilitador de construções narrativas da periferia.


I.                    Os novos letramentos digitais como práticas socioculturais:
ü  Estudos sobre letramento de Brice Heath (1983), Street (1984) e Kleiman (1995)- letramentos como ações situadas, nos quais os participantes operam na construção do significado.
ü  Estudos de Gee (1996) e Moita Lopes (2002, 2005) – letramentos que salientam os discursos que constroem identidades e a vida social em tais práticas.
ü  O conceito de letramento teria um cunho sociológico e antropológico e relacionado a um sentido de identidade social que os participantes das práticas encenam ao construir a vida social (Lankshear e Knobel, 2008, p.12 apud Moita Lopes, 2010, p. 397).
ü  Letramentos – pensados em práticas sociais, culturais e históricas mais amplas.
ü  Inclusão de outras práticas sociais além da leitura e da escrita: digital, midiático, radiofônico, no mundo do trabalho, etc.
ü  Como entender os novos letramentos digitais como práticas sociais situadas?
ü       Envolver a participação colaborativa de atores sociais localizados socio-histórico-culturalmente na construção conjunta de significados, mediada por instrumentos semióticos.
ü  Tela do computador como espaço ativo, de transgressão, de contestação.
II. Da web 1.0 para a web 2.0
Mudanças das práticas sociais dos letramentos digitais
ü  O mundo vivido na internet através de diferentes formas de pensar e conhecer.
ü                 Para MOITA LOPES (2009) “O mundo da web 1.0 pode ser entendido como aquele no qual a tela do computador era um lugar de consumo ou a ser consumido pelo usuário. Como um texto a ser lido, o hipertexto oferecia/oferece roteiros a serem seguidos por quem escolhe navegá-lo”
ü                 Já na web 2.0, Lankshear & Knobel (2007) referem-se ao mindset como “outras formas de agir e pensar que caracterizam a vida contemporânea, como fruto do desenvolvimento de novas tecnologias da internet e novos modos de fazer coisas e novos modos de ser que são possibilitados por essas tecnologias”
ü  Scharge (2001) mostra que não temos a sociedade da informação, porém temos  a sociedade da intensificação das relações sociais.
ü                 “A autoria deixa de ser menos importante, já que o que conta é a ação colaborativa em que a autoria fica dispersa ou é apagada: um processo que explica a inteligência coletiva em um espaço de afinidades comuns que orientam as ações dos participantes, ou seja, seus propósitos de ações comuns. Tais processos nos conduzem ao mundo de práticas de hibridizações de artefatos culturais, textos, músicas, vídeos”.
ü                 A visão epistemológica na web 2.0 pode ser vista como ações de pessoas em conjunto, em espaços entendidos como práticas sociais de letramentos, como lugar em que a vida social pode ser construída, criticada, transformada, reinventada ou transgredida.
ü                 Para O´Reilly (2005) “a web 2.0 não é uma tecnologia, mas uma atitude”.
ü  O ativismo político na web 2.0 se deve ao envolvimento do participante na construção do discurso com outros participantes, sendo assim, os participantes têm colaborado na construção do discurso da sub-política com o outro, de modo que os mesmos comentam temas que ultrapassam crenças e narrativas cristalizadas .  MOITA LOPES (2010) argumenta que estes temas nas telas dos computadores entram em nossas casas e são bem diferentes da política social.
III. Análise de dois espaços de afinidades como lugar de ativismo político: um blog e uma página do Orkut

ü  Blog: ativismo político em defesa dos direitos LGBTs.
ü  Tema gerador: matéria na Revista Superinteressante na qual foram elencados 37 direitos negados a cidadãos LGBTs. O autor do blog defende que a revista apresenta uma visão reducionista sobre o fato e aponta, na realidade, 78 direitos.
ü  Introduz o tema com o símbolo da justiça.
ü  Três participantes alinham-se à visão do autor. No entanto, outros dois discordam: um apresenta-se como anônimo e vai contra a lista apresentada no blog. Uma quarta participante utiliza-se do discurso religioso para combater a ideologia LGBTs. O autor do blog defende sua posição perante aos comentários de fundo religioso da participante.
ü  Outros dois usuários lamentam a atitude fundamentada no discurso religioso.
ü  Ao observar as tomadas de posição, Moita Lopes (2010) conclui que o  que é relevante como letramento neste caso é o agir interacionalmente na direção de discutir , concordar ou negar a posição do ativista político.
ü  Orkut: Espaço feminista motivado também por uma matéria jornalística em que um homem é absolvido por manter relações com três adolescentes numa festa.
ü  A discussão é motivada pelo tópico: “E nós somos as vagabundas novamente”.
ü  Em 115 postagens, a moderadora exerce influência  semântica nos participantes,ao demonstrar sua indignção perante a notícia.Na postagem 96, solicita que não se altere o foco do assunto , exercendo o domínio estratégico  da discussão.
ü  Um dos participantes  tenta desviar o foco apresentando a questão do desejo sexual de meninas por homens mais velhos.
ü  Novamente, uma das participantes solicita que seja retomado o tópico inicial da discussão. Há, na visão de Moita Lopes (2010), uma complexificação da posição da autoria que revela serem  os significados na Web 2.0 mais participativos e menos autorais.
ü  Disputa interacional e os discursos diferenciados e inesperados da Multidão.
3. Parágrafo de relação pesquisa/ texto:
Por Ana Beatriz Simões da Matta:
ü   Considerando o suporte tecnológico como “única opção” para desenvolver meus fazeres docentes, o texto de Moita Lopes (2010) incitou-me a refletir acerca do lugar virtual como possibilitador de práticas de ativismo político. Na busca por um distanciamento  em tomar a tecnologia per si, em que se dominariam apenas conhecimentos de ordem técnico-operacional, surgem os questionamentos:
ü   De que modo tornar o Curso de Idiomas Virtual um espaço de transgressão, sabendo que o mesmo se inscreve uma instituição hierarquizada e positivista?

ü   Que temas poderiam ser tratados (e silenciados) de forma  a problematizar questões sociais? ( clima, economia, alimentação)…

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