E assim, construí meu projeto. Preferi iniciar a escrita do próprio original e, como estou um pouco atrasada nas postagens, colocarei o texto antes das considerações do Professor Antonio e, na postagem sobre a Professora Solimar, indico as modificações e sugestões feitas por ela.
Título do projeto: Quando a tecnologia é a única opção: a busca pelo feedback relevante em podcasts de espanhol por militares no Curso de Idiomas Virtual
Motivação- Justificativa:
Durante a trajetória
como discente do curso de Letras e como docente de espanhol como língua adicional GARCEZ (2009), diferentes temáticas fizeram-me considerar a possibilidade
de contemplá-las numa investigação acadêmica. No entanto, nada mais pertinente hoje
são os esforços por solucionar (ou, ao menos, problematizar) um fato que
permeia meus fazeres diários: a busca por um feedback relevante em podcasts produzidos por militares de
carreira no Curso de Idiomas Virtual (CIV) no nível A1.
Inicio o trabalho no mencionado
curso no ano de 2013, período de intercâmbio estudantil na cidade de Tucumán,
localizada no noroeste da República Argentina. No início, senti bastante
desconforto por lidar apenas com o espaço cibernético, visto estar o CIV
hospedado em um ambiente virtual de ensino aprendizagem (AVEA) e por não
estabelecer contato físico com os aprendizes. O ensino de línguas mediado pelo
computador adentrava em minha vida como novo campo laboral, ao mesmo tempo em
que modificava todos os paradigmas e concepções a respeito da ensinagem do ELE.
Tomei, portanto, o tecnológico como a ponte capaz de interpelar os contatos com
os alunos e a virtualidade como o âmbito de indagação das singularidades do
ensino de línguas online; campo pouco
contemplado na formação inicial, pautada (ainda) nas metodologias concernentes
ao ensino presencial. A tecnologia passou a ser a “única opção” de ser docente nesse
contexto de ensino.
O Curso de Idiomas Virtual, conforme
portaria número 079 do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX),
artigo quarto, “visa a proporcionar aos discentes o aprendizado progressivo de
idiomas estrangeiros (alemão, inglês, espanhol. francês, italiano e russo)
desenvolvendo habilidades de compreensão auditiva, expressão oral, compreensão
leitora e expressão escrita (...)” e direciona-se aos militares de carreira da
Força Terrestre brasileira. Tem por duração quatro anos de estudos e baseia-se
no ensino por competências, no qual as destrezas são trabalhadas e aferidas separadamente,
já que, a estas, é conferido, ao final do curso, um Índice de Proficiência
Linguística (IPL). O referido índice propicia ao militar de carreira a participação
em missões no exterior e é a principal motivação dos alunos a realizar o CIV.
O nível A1, locus de observação deste estudo, apresenta oito unidades temáticas
e, a cada destreza linguística, são propostos de três a quatro tarefas. Além disso, o curso possui uma seção intitulada
“práctica de gramática”, com exercícios estruturais sobre o conteúdo gramatical
relativo ao tema da unidade. Para a destreza oral, foco desta pesquisa, as
tarefas são configuradas da seguinte maneira: duas são destinadas ao momento
síncrono com o tutor através de uma webconferência[1],
e duas são realizadas através da produção de podcast. Cabe ressaltar a necessidade de enviar um feedback (em português retroalimentação-
termo adotado pelo curso para a correção das tarefas das unidades, exceto os
exercícios de gramática, posto que as mesmas apresentam validação automática
pelo sistema) aos alunos sobre as produções desenvolvidas .
Sobre o termo podcast, objeto de análise desta investigação, há, na literatura,
diferentes definições para o mesmo. O
termo é cunhado, segundo Moura e Carvalho (2006), em 1994 por Adam Curry, então
apresentador da MTV (canal americano de televisão que visa ao entretenimento
musical). O conteúdo do poadcast- resultante
da soma das palavras Ipod (dispositivo
de reprodução de áudio/vídeo) e broadcast
(método de transmissão ou distribuição de dados), objetivava inicialmente
divulgar novas interpretações oriundas de vários gêneros musicais. Atualmente,
os podcasts permitem a transmissão de
dados sobre diferentes áreas do conhecimento e o ensino de línguas mediado por
computador parece beneficiar-se desse recurso, já que este se faz presente em
diversos cursos online, como o Curso
de Idiomas Virtual, por exemplo. Para o presente estudo, conceitua-se podcast como a propagação de qualquer
arquivo de áudio (normalmente MP3) através da rede, ainda que não seja um
compartilhamento massivo a vários usuários da internet, que, no locus de observação, ocorre apenas entre
o aluno e o tutor.
Na observância do crescente uso dos
recursos tecnológicos no ensino de línguas, bem como o deslocamento da
modalidade presencial dos estudos idiomáticos aos espaços virtuais, a
possibilidade de produzir podcasts
através de tarefas aparenta corroborar com a prática da destreza oral devido à
sua natureza assíncrona: a gravação pode ser realizada a qualquer momento sem a
necessidade da presença do tutor. Geralmente, no decorrer de um curso virtual, o
participante possui poucos momentos de interação oral síncrona com esse sujeito, o que torna a produção do
material de áudio uma alternativa profícua para a expressão oral do aluno, fato
que também se observa no CIV. Sublinha-se que, neste estudo, encara-se a
essência do podcast como instrumento
adicional na aprendizagem da oralidade do ELE e não como forma substitutiva de
momentos de interação síncrona com o tutor e tampouco um meio de exclusão da figura desse como mediador da
prática e da avaliação da destreza oral.
Conforme já exposto, a necessidade do envio do
feedback sobre os exercícios dos
alunos nas quatro destrezas linguísticas alcança a produção dos podcasts. A não disponibilidade de
critérios de correção acerca do material torna a retroalimentação de difícil
entendimento por parte dos alunos. Em um levantamento empírico sobre a
elaboração do feedback dos podcasts com a equipe de tutores de espanhol, alguns relataram focalizar apenas questões relativas
a erros de pronúncia; outros afirmam contemplar somente a relação entre a
tarefa e a gravação do aluno, de forma a verificar se esta foi cumprida de
forma correta. Em relação ao suporte do feedback,
os tutores preferem a correção escrita a
oral, já que o espaço destinado a esse oferecimento apresenta as duas
possibilidades.
Assim sendo, o objetivo central do
presente estudo é o de elencar critérios de avaliação de podcasts,e com isso, elaborar uma rubrica de correção capaz de disponibilizar ao aluno militar um feedback
relevante sobre os podcasts
produzidos nas unidades didáticas . A pesquisa, de natureza qualitativa,
insere-se no campo da pesquisa–ação, posto que os resultados obtidos com esta
visa à mudança da prática docente e, consequentemente, tencionam a uma melhora
no processo de aprendizagem da oralidade em ELE.
Para compreender a prática da
destreza oral através dos podcasts no
CIV, será realizado, ademais da investigação dos critérios de avaliação, um
breve recorte do percurso do ensino de línguas no Exército Brasileiro, em
especial do espanhol, com vistas
a situar sócio-historicamente a inserção dos idiomas na instituição e
compreender o deslocamento do ensino de línguas da modalidade presencial a
virtual na Força Terrestre da modalidade
presencial a virtual. Ao longo da pesquisa, também serão abordadas questões
relativas ao ensino de línguas mediado por computador e a avaliação da
oralidade em língua espanhola a fim de contemplar os objetivos do estudo em
questão.
[1] Os alunos do Curso de Idiomas
Virtual, em qualquer um dos idiomas a serem eleitos, realizam semanalmente e,
durante uma hora, um encontro síncrono não presencial com o tutor por meio da
ferramenta Adobe Connect, que propicia a execução de uma webconferência. Nesses
momentos, os alunos interagem entre si e com o tutor através de câmeras e recursos de áudio, fato
que parece estimulá-los à presença e à participação nas “aulas virtuais”.
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