A disciplina da Professora Flávia Dutra foi extremamente agradável, não só pela competência e simpatia da docente, mas também pelas discussões e bibliografia propostas pela mesma de forma a auxiliar-nos em nossos fazeres diários.
Segue, abaixo, o roteiro de apresentação do trabalho final da Disciplina:
Roteiro do texto: MOITA LOPES,
L.P. Os novos letramentos digitais como lugares de construção de ativismo
político sobre sexualidade e gênero. Trab. Ling. Aplic., Campinas, 49(2): 393-417, Jul. /Dez.
2010.
1- Introdução
A- Os Novos letramentos digitais na web 2.0 como a “praça pública”, na qual o
público e o privado estão continuamente em discussão, distantes dos olhares
institucionais e no anonimato.
B- O ethos colaborativo da web 2.0
possibilita a discussão, a reinvenção social, o agenciamento e a transgressão.
C- Tecnologia como “prática de ação política” (Moita Lopes, 2010).
D- Moita Lopes (2010) faz uma crítica às pesquisas em L.A. no campo
do ensino de línguas por computador que reduzem a tecnologia à simples
mecanização técnica dissociada de questões sociopolíticas e discursivas.
E- A internet como o “espaço da Multidão”:
ü Multidão: “é composta de inúmeras diferenças internas que nunca poderão
ser reduzidas a uma unidade ou identidade única – diferentes culturas, raças,
etnias, gêneros e orientações sexuais; diferentes formas de trabalho;
diferentes maneiras de viver; diferentes visões de mundo; e diferentes
desejos.” (Hardt e Negri, 2005, p.12 apud Moita Lopes, 2010, p.12).
ü “o conceito de Multidão contrariamente implica o acirramento da diferença
e da alteridade e uma gama de possibilidades para a vida social e de discursos
que a constroem ou a transformam de uma forma nunca experimentada antes...”
(Moita Lopes, 2010, p.395).
F--Internet
como espaço de hipersemiotização e
multiplicidade de perfomances identitárias.
ü Os “donos da tecnologia”- rompimento da representação da tecnologia como
espaço da dominação.
ü Lan house como campo
facilitador de construções narrativas da periferia.
I.
Os novos letramentos digitais como práticas
socioculturais:
ü Estudos sobre letramento de Brice Heath (1983), Street (1984) e Kleiman
(1995)- letramentos como ações situadas, nos quais os participantes operam na
construção do significado.
ü Estudos de Gee (1996) e Moita Lopes (2002, 2005) – letramentos que
salientam os discursos que constroem identidades e a vida social em tais
práticas.
ü O conceito de letramento teria um cunho sociológico e antropológico e
relacionado a um sentido de identidade social que os participantes das práticas
encenam ao construir a vida social (Lankshear e Knobel, 2008, p.12 apud Moita
Lopes, 2010, p. 397).
ü Letramentos – pensados em práticas sociais, culturais e históricas mais
amplas.
ü Inclusão de outras práticas sociais além da leitura e da escrita: digital,
midiático, radiofônico, no mundo do trabalho, etc.
ü Como entender os novos letramentos digitais como práticas sociais
situadas?
ü Envolver a participação
colaborativa de atores sociais localizados socio-histórico-culturalmente
na construção conjunta de significados, mediada por instrumentos semióticos.
ü Tela do computador como espaço ativo, de transgressão, de contestação.
II. Da web 1.0 para
a web 2.0
Mudanças das práticas sociais dos letramentos digitais
ü O mundo vivido na internet através de diferentes formas de pensar e
conhecer.
ü Para MOITA LOPES
(2009) “O mundo da web 1.0 pode ser entendido como aquele no qual a tela do
computador era um lugar de consumo ou a ser consumido pelo usuário. Como um
texto a ser lido, o hipertexto oferecia/oferece roteiros a serem seguidos por
quem escolhe navegá-lo”
ü Já na web 2.0,
Lankshear & Knobel (2007) referem-se ao mindset como “outras formas de agir
e pensar que caracterizam a vida contemporânea, como fruto do desenvolvimento
de novas tecnologias da internet e novos modos de fazer coisas e novos modos de
ser que são possibilitados por essas tecnologias”
ü Scharge (2001) mostra que não temos a sociedade da informação, porém
temos a sociedade da intensificação das
relações sociais.
ü “A autoria deixa de
ser menos importante, já que o que conta é a ação colaborativa em que a autoria
fica dispersa ou é apagada: um processo que explica a inteligência coletiva em
um espaço de afinidades comuns que orientam as ações dos participantes, ou
seja, seus propósitos de ações comuns. Tais processos nos conduzem ao mundo de
práticas de hibridizações de artefatos culturais, textos, músicas, vídeos”.
ü A visão
epistemológica na web 2.0 pode ser vista como ações de pessoas em conjunto, em
espaços entendidos como práticas sociais de letramentos, como lugar em que a
vida social pode ser construída, criticada, transformada, reinventada ou
transgredida.
ü Para O´Reilly (2005)
“a web 2.0 não é uma tecnologia, mas uma atitude”.
ü O ativismo político na web 2.0 se deve ao envolvimento do participante na
construção do discurso com outros participantes, sendo assim, os participantes
têm colaborado na construção do discurso da sub-política com o outro, de modo
que os mesmos comentam temas que ultrapassam crenças e narrativas cristalizadas
. MOITA LOPES (2010) argumenta que estes
temas nas telas dos computadores entram em nossas casas e são bem diferentes da
política social.
III. Análise de dois
espaços de afinidades como lugar de ativismo político: um blog e uma página do
Orkut
ü Blog: ativismo político em defesa dos direitos LGBTs.
ü Tema gerador: matéria na Revista Superinteressante na qual foram
elencados 37 direitos negados a cidadãos LGBTs. O autor do blog defende que a
revista apresenta uma visão reducionista sobre o fato e aponta, na realidade,
78 direitos.
ü Introduz o tema com o símbolo da justiça.
ü Três participantes alinham-se à visão do autor. No entanto, outros dois
discordam: um apresenta-se como anônimo e vai contra a lista apresentada no
blog. Uma quarta participante utiliza-se do discurso religioso para combater a
ideologia LGBTs. O autor do blog defende sua posição perante aos comentários de
fundo religioso da participante.
ü Outros dois usuários lamentam a atitude fundamentada no discurso
religioso.
ü Ao observar as tomadas de posição, Moita Lopes (2010) conclui que o que é relevante como letramento neste caso é o
agir interacionalmente na direção de discutir , concordar ou negar a posição do
ativista político.
ü Orkut: Espaço feminista motivado também por uma matéria jornalística em
que um homem é absolvido por manter relações com três adolescentes numa festa.
ü A discussão é motivada pelo tópico: “E nós somos as vagabundas
novamente”.
ü Em 115 postagens, a moderadora exerce influência semântica nos participantes,ao demonstrar sua
indignção perante a notícia.Na postagem 96, solicita que não se altere o foco
do assunto , exercendo o domínio estratégico
da discussão.
ü Um dos participantes tenta desviar
o foco apresentando a questão do desejo sexual de meninas por homens mais
velhos.
ü Novamente, uma das participantes solicita que seja retomado o tópico
inicial da discussão. Há, na visão de Moita Lopes (2010), uma complexificação
da posição da autoria que revela serem os significados na Web 2.0 mais participativos
e menos autorais.
ü Disputa interacional e os discursos diferenciados e inesperados da
Multidão.
3. Parágrafo de relação pesquisa/
texto:
Por Ana Beatriz
Simões da Matta:
ü Considerando
o suporte tecnológico como “única opção” para desenvolver meus fazeres
docentes, o texto de Moita Lopes (2010) incitou-me a refletir acerca do lugar
virtual como possibilitador de práticas de ativismo político. Na busca por um
distanciamento em tomar a tecnologia per
si, em que se dominariam apenas conhecimentos de ordem técnico-operacional,
surgem os questionamentos:
ü De
que modo tornar o Curso de Idiomas Virtual um espaço de transgressão, sabendo
que o mesmo se inscreve uma instituição hierarquizada e positivista?
ü Que
temas poderiam ser tratados (e silenciados) de forma a problematizar questões sociais? ( clima,
economia, alimentação)…