quarta-feira, 20 de novembro de 2013

COnsiderações sobre o texto de Paixa (2003) e o ensino da oralidade.

Algumas considerações sobre o texto : "A LDB e a legislação vigente sobre o ensino e a formação do professor de língua inglesa", de Paiva (2003).

No artigo intitulado "A LDB e a legislação vigente sobre o ensino e a formação do professor de Língua Inglesa, Paiva (2003) traça um breve percurso histórico acerca da legislação educacional brasileiras no tocante à ensinagem de LE no ensino básico, bem como propicia a reflexão sobre os cursos de Letras e a formação do professor desenvolvida nesse espaço acadêmico.Além disso, a autora propõe uma avaliação    sobre as últimas modificações na política educacional e seus impactos para o Ensino do Inglês. 

A autora aponta que, apesar da necessidade da aprendizagem da Língua Inglesa observada nos  diversos setores da sociedade, as políticas educacionais nunca contemplaram a qualidade da ensinagem do referido idioma estrangeiro no âmbito escolar. As legislações brasileiras, ignorando a importância da LE nos currículos escolares como disciplinas obrigatórias (como a LDB 1961 e 1971) , relegando uma condição de disciplina dentro da área de Comunicação e Expressão (Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971), refazendo o resgate de obrigatoriedade no 2º grau em 1976 e resgatando a LE na parte diversificada no ensino fundamental- inclusão de uma LE moderna a partir da quinta série e duas no ensino médio- uma oferecida obrigatoriamente e a outra em caráter facultativo, influenciam na formação do professorado e , consequentemente , nos escopos teórico-metodológicos a serem direcionados aos aprendizes de LE.

Um deles, citado pela autora, é o foco na Competência Leitora, prescrita nos Parâmetros Curriculares Nacional  (doravante PCNs) (Brasil, 1998). Tomada por muitos como "a única opção a ser seguida dentro do ensino de LE", a ênfase na citada habilidade linguística é justificada pelo documento oficial baseada em diferentes argumentos, quais sejam: superlotação das salas, carga horária reduzida, pouco domínio oral por parte do professorado de LE e falta de oportunidades reais na utilização oral da LE pelo discente. O ensino das habilidades orais seria, na visão dos redatores dos PCNs, não consideraria a relevância social para a aprendizagem

Acerca de tais considerações, Paiva (2003:7) elucida questões  sobre a "exclusão¹" do oral na LE e afirma: "Qual a relevância da leitura em língua estrangeira fora dos muros da academia? Provavelmente bem menor do que a habilidade de compreensão oral , tendo em vista o contato de nossos jovens com a música e o cinema em língua inglesa. Isto não significa, no entanto, que a leitura não deva ser ensinada ou que o foco deveria ser só na compreensão oral". 

Outro ponto interessante levantado pela autora é o descarte a possibilidade de ascensão social através da educação, decorrente da ausência de um trabalho direcionado à habilidade oral de uma LE . De fato, os anúncios laborais, ao recrutarem seus possíveis candidatos, estabelecem como requisitos a "fala" de um idioma. A célebre pergunta "Hablas español", que permeia o imaginário dos que almejam a proficiência do idioma hispânico, direciona-se à habilidade oral que o falante possa produzir. 


Falha de interpretação ou Constatação verídica, o fato é que , realmente, a habilidade oral é relegada a segundo plano nas salas de aula de LE das escolas brasileiras (principalmente as públicas). Tal caso também é verificado na delimitação dos temas de investigação acadêmica (pouco interesse pelos gêneros orais em LE) e , consequentemente , na formação do professor (com ausência de disciplinas que abordem intervenções na pronúncia ou elaboração de atividades e materiais didáticos que contemplem essa habilidade linguística). Diante disso, elaboro um questionamento: em tempos de Multiletramentos, nos quais o aluno se insere em diferentes textualidades,  é possível abordar apenas uma das habilidades linguísticas? Até que ponto negar a oralidade em LE insere o aluno e o torna cidadão "crítico e reflexivo"? Será que só um trabalho voltado ao "efeito retroativo" em função das avaliações nacionais e das provas de acesso às universidades garante o conhecimento em LE? Até que ponto somos professores de LE , das estrturas da língua, de suas interfaces orais ou apenas usamos a mesma enquanto "forma" para assar o bolo dos temas socais relevantes?

Calaram a oralidade? É algo para pensar...



¹Outra opinião sobre o tema pode ser encontrado em  VERGNANO-JUNGER(2005:35): "Cabe argumentar que os PCNs nunca pretenderam excluir as demais habilidades linguísticas do cenário educativo. Houve uma falha de interpretação por parte dos que assim o consideraram". 



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