Trabalho final da Disciplina: Metodologia do Ensino de Línguas Estrangeiras
A Aprendizagem Comunitária da Língua é a denominação resultante do método idealizado por Charles A. Curran, o qual, baseado na teoria do Conselho Psicológico de Rogers (1951), toma a aprendizagem enquanto processo de orientação, entendida como uma relação entre um assessor (nesse caso o professor- cuja função é o de aconselhar) e seus clientes (os alunos assessorados). Tal orientação se dá a partir da aplicação de técnicas humanísticas (Moskowitz, 1978), que visam à autorrealização e a valorização da autoestima do aluno por meio das interações entre os pares e o docente.
A Aprendizagem Comunitária da Língua é a denominação resultante do método idealizado por Charles A. Curran, o qual, baseado na teoria do Conselho Psicológico de Rogers (1951), toma a aprendizagem enquanto processo de orientação, entendida como uma relação entre um assessor (nesse caso o professor- cuja função é o de aconselhar) e seus clientes (os alunos assessorados). Tal orientação se dá a partir da aplicação de técnicas humanísticas (Moskowitz, 1978), que visam à autorrealização e a valorização da autoestima do aluno por meio das interações entre os pares e o docente.
A
visão sobre a língua subjacente ao método ultrapassa o conhecimento sistêmico
formal e é encarada como um processo social, fruto do contato, conforme exposto
anteriormente, entre professor e aluno e alunos entre si. Cabe destacar a
relevância do fator afetivo nas trocas entre os citados sujeitos por criar um
espaço de intimidade de forma a corroborar com a constituição da comunidade de
alunos, fato que parece intensificar o ritmo de aprendizagem dos mesmos. A
afetividade advinda dessas relações pode ser considerada como um fator positivo
do método, uma vez que esses contatos demonstram favorecer principalmente o
desenvolvimento das destrezas orais , campo no qual a Aprendizagem Comunitária
da Língua aparenta ser melhor empregada.
Partindo
de uma relação de dependência em que o aluno recorre ao “conselho” do professor
sobre o que deseja falar na língua alvo até a fase de independência, o método
compara as etapas de aprendizagem à ontogênese humana: ao final do processo, “a
criança- aluno” torna-se “adulto”, e poderia “formar” um novo discente. Dessa
forma, questiona-se a formação do professor nesse método: que saberes estão em
jogo quando se pensa a formação docente? Pode-se afirmar que um aluno, após ter
alcançado o estágio de “independência linguística”, estaria apto a “aconselhar”
outros ? Acredito ser a formação docente um campo de articulação de saberes
além dos de ordem linguística e a possibilidade de “formar” professores após a
passagem pelas etapas de aprendizagem constitui-se uma desvantagem do método.
Ao considerar o desenho proposto pela
Aprendizagem Comunitária da Língua, observa-se que o mesmo poderia ser aplicado
de maneira profícua em cursos de conversação iniciais, citado por Richards e
Rogers (1986:96- nossa tradução) como “a maior parte do que se escreveu sobre o
método acerca de sua utilização”. Os
alunos, no decorrer das aulas, optam sobre os temas a serem discutidos e o que
gostariam de trocar com os outros companheiros e não há um programa de
conteúdos a ser seguido. Nesse sentido,
pensa-se que a faixa etária destinada ao curso poderia constituir-se de jovens
e adultos, mais “autônomos¹” do que em outras idades.
O material didático a ser utilizado
no curso é construído coletivamente com os alunos a partir de suas produções
orais, fator vantajoso para a aprendizagem dos discentes, posto que se
direcionaria às dificuldades apresentadas no momento da interação e não impõe
um conteúdo linguístico específico, o que poderia “engessar” a fala dos
aprendizes.
Outro fator relevante na Aprendizagem
Comunitária da Língua é a utilização da tradução como meio de aprendizagem da
língua alvo. O professor no papel de assessor
é o “modelo linguístico” a ser
seguido pelos alunos, que o indagam sobre a sentença que será proferida na
língua alvo. Destaca-se também a utilização de gravações orais (o que salienta
a vantagem do método em ser aplicado em contextos de conversação) para
posterior apreciação do grupo.
Sobre a utilização da tradução na
ensinagem de uma língua estrangeira, direcionado ao trabalho com a competência
oral, faz-se necessário uma indagação: até que ponto a excessiva tradução afeta
o processo de formação de autonomia do aluno em “arriscar” estruturas da língua
alvo? E quanto ao professor a trabalhar com o método: poderia ser um nativo, já
que o conhecimento da língua fonte é indispensável nos procedimentos propostos
pelo método?
Assim sendo, a Aprendizagem
Comunitária da Língua parece obter certo êxito em contextos de cursos de
conversação tendo em vista as discussões supracitadas (escolha de materiais,
gravações orais e construções de material coletivo, principalmente).
1- Não se exclui a autonomia em outras faixas etárias e nem a possibilidade de opção por parte dos alunos como ocorre no método, visto ser a mesma considerada um meio e um
fim da educação moderna. No entanto, a realidade educacional brasileira e dos
cursos livres baseia-se na explicitação prévia de temas e conteúdos, o que
relega ao aluno ( e ao professor) pouco espaço de escolha.
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