terça-feira, 15 de outubro de 2013

A entrevista como Instrumento para investigação em pesquisas qualitativas no Campo da Linguística Aplicada - Seminário de Introdução à Pesquisa em Letras- Professor Antônio Ferreira.


O maior desafio da semana de 14 a 18 de outubro é a delimitação de meu tema/problema/ hipótese de trabalho, bem como manter o blog atualizado em meio a tantos fazeres pessoais e profissionais. Mas, como  sigo o dito corriqueiro do meio militar:"missão dada é missão cumprida", não ouso em desanimar. 

Sendo a investigação científica considerada sistemática e objetiva (VALENTIM, 2005), cabe delegar uma atenção especial  aos instrumentos que possibilitam tal processo. Um deles é a entrevista, abordada por Miguel (2009) em seu texto "A entrevista como instrumento para investigação em pesquisas qualitativas no campo da Linguística aplicada".  

Conhecendo um pouco da autora:

Fernanda Valim Côrtes Miguel

Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (2008) e em Comunicação social e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2006), mestrado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2009) e doutorado em andamento em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é professora assistente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Tem experiência na área de Letras, Linguística e Artes, com ênfase em Literatura contemporânea brasileira e latino-americana, cinema e linguagem, atuando principalmente nos seguintes temas: Literatura e políticas do contemporâneo, Literatura comparada, práticas socioculturais e discursivas de mobilização dos textos literários e educação no contexto do Vale do Jequitinhonha. (Texto informado pelo autor)

Segundo informações presentes na Plataforma Lattes, a pesquisadora atua em linhas de investigação de Formação e Prática Docente, Letramento, Leitura e Escrita, Literatura, cultura e Fronteiras do Saber e Literatura e Estudos da Performance.

Trago nesta publicação a discussão da parte que me coube ao seminário de Introdução à Pesquisa em  Letras: 

Nos parágrafos iniciais, a autora traz à baila o motivo de escolha pela entrevista enquanto instrumento estrutural de sua pesquisa de mestrado e afirma ser esta eleição afastada de  intenção  meramente "casual".  Nessa opção metodológica ,  Miguel (2009) aponta um atravessamento de questões  do próprio fazer científico na área de Ciências Humanas e caracteriza-o  como um desafio "curioso", dada as especificidades subjetivistas do objeto de estudo :o homem.
A substituição da perspectiva verificacionista a  interpretativa (ou interpretativista, sob a ótica de Moita Lopes (1994 apud Sá 2001) - "na qual se busca a compreensão, valoriza-se a interpretação e se reconhece a centralidade da linguagem nos processos de objetivação", ressalta a discussão em meio a re-significação do olhar científico dos estudos da linguagem e , em particular, do campo da Linguística Aplicada. A partir da ótica interpretativa , a pesquisa passaria a ser uma "prática social reflexiva e crítica", um intento de construção coletiva que demanda uma posição crítica do pesquisador (e não um mero observador neutro de fatos a serem testados /comprovados/refutados)  (Sá,2001).

Miguel (2009) conceitua a natureza de sua investigação como qualitativa e interpretativa, posto que não objetiva a delimitação de amostras representativas, mas a abordar os critérios de escolhas dos participantes  e ao entendimento da significação construída a partir das visões sobre os contextos sócioculturais dos fazeres rotineiros.  Na visão de Moita Lopes (1994), esse modo de proceder com os estudos científicos seria o mais adequado, para"dar conta do fato de que a linguagem é, ao mesmo tempo, condição para a construção do mundo social e caminho para compreendê-lo". 

A pesquisadora traz a seguinte afirmação sobre método , na visão de Oliveira (1998): "o bom método seria aquele que permitisse reconhecer o maior número de coisas com o menor número de regras". Porém, na visão de Miguel (2009),os fazeres  no campo das Ciências Humanas podem elucidar resultados mais complexos e satisfatórios quando  se relacionam a outros escopos do saber e confere às investigações o caráter interdisciplinar (CHAUÍ, 1994). Vale destacar que a citada característica é apontada por Moita Lopes (1996: 20) ao elencar os pontos sobre o percurso da pesquisa em LA ( lugar teórico no qual Miguel (2009) inscreve seu fazer-científico): "A Linguística Aplicada tem como uma de suas tarefas no percurso de uma investigação mediar entre o conhecimento advindo de várias disciplinas (por exemplo psicologia, educação, linguística, etc.) e o problema de uso de linguagem que pretende investigar". 

Alem disso, Miguel (2009) apresenta seu objeto de estudo - a produção e a recepção do gênero crítica cinematográfica- e  assinala a conduta do Linguística Aplicado frente aos seus objetos de pesquisa , numa busca da descrição de modos de inserção e funcionamento dos materiais escritos (só escritos?) no campo sociocultural e político (SIGNORINI, 2001,p.10) a fim de aclarar não só as condições de produção e circulação,mas também as prática sociais inerentes aos referidos materiais e o que os aportaria significação.

Por fim, a autora conceitua a entrevista como um instrumento "dinâmico, flexível e criativo, capaz de fornecer maior contribuição diante dos objetivos gerais e específicos" (MIGUEL,2009:sp) a serem alcançados em sua investigação de Mestrado. 


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aprendizagem Comunitária - Metodologia de Ensino de Línguas Estrangeiras



Trabalho final da Disciplina: Metodologia do Ensino de Línguas Estrangeiras

A Aprendizagem Comunitária da Língua é a denominação resultante do método idealizado por Charles A. Curran, o qual, baseado na teoria do Conselho Psicológico de Rogers (1951), toma a aprendizagem enquanto processo de orientação, entendida como uma relação entre um assessor (nesse caso o professor- cuja função é o de aconselhar) e seus clientes (os alunos assessorados). Tal orientação se dá a partir da aplicação de técnicas humanísticas (Moskowitz, 1978), que visam à autorrealização e a valorização da autoestima do aluno por meio das interações entre os pares e o docente.

            A visão sobre a língua subjacente ao método ultrapassa o conhecimento sistêmico formal e é encarada como um processo social, fruto do contato, conforme exposto anteriormente, entre professor e aluno e alunos entre si. Cabe destacar a relevância do fator afetivo nas trocas entre os citados sujeitos por criar um espaço de intimidade de forma a corroborar com a constituição da comunidade de alunos, fato que parece intensificar o ritmo de aprendizagem dos mesmos. A afetividade advinda dessas relações pode ser considerada como um fator positivo do método, uma vez que esses contatos demonstram favorecer principalmente o desenvolvimento das destrezas orais , campo no qual a Aprendizagem Comunitária da Língua aparenta ser melhor empregada.

            Partindo de uma relação de dependência em que o aluno recorre ao “conselho” do professor sobre o que deseja falar na língua alvo até a fase de independência, o método compara as etapas de aprendizagem à ontogênese humana: ao final do processo, “a criança- aluno” torna-se “adulto”, e poderia “formar” um novo discente. Dessa forma, questiona-se a formação do professor nesse método: que saberes estão em jogo quando se pensa a formação docente? Pode-se afirmar que um aluno, após ter alcançado o estágio de “independência linguística”, estaria apto a “aconselhar” outros ? Acredito ser a formação docente um campo de articulação de saberes além dos de ordem linguística e a possibilidade de “formar” professores após a passagem pelas etapas de aprendizagem constitui-se uma desvantagem do método.

Ao considerar o desenho proposto pela Aprendizagem Comunitária da Língua, observa-se que o mesmo poderia ser aplicado de maneira profícua em cursos de conversação iniciais, citado por Richards e Rogers (1986:96- nossa tradução) como “a maior parte do que se escreveu sobre o método acerca de sua utilização”.  Os alunos, no decorrer das aulas, optam sobre os temas a serem discutidos e o que gostariam de trocar com os outros companheiros e não há um programa de conteúdos a ser seguido.  Nesse sentido, pensa-se que a faixa etária destinada ao curso poderia constituir-se de jovens e adultos, mais “autônomos¹” do que em outras idades.

O material didático a ser utilizado no curso é construído coletivamente com os alunos a partir de suas produções orais, fator vantajoso para a aprendizagem dos discentes, posto que se direcionaria às dificuldades apresentadas no momento da interação e não impõe um conteúdo linguístico específico, o que poderia “engessar” a fala dos aprendizes.

Outro fator relevante na Aprendizagem Comunitária da Língua é a utilização da tradução como meio de aprendizagem da língua alvo. O professor no papel de assessor  é o “modelo linguístico”  a ser seguido pelos alunos, que o indagam sobre a sentença que será proferida na língua alvo. Destaca-se também a utilização de gravações orais (o que salienta a vantagem do método em ser aplicado em contextos de conversação) para posterior apreciação do grupo.

Sobre a utilização da tradução na ensinagem de uma língua estrangeira,  direcionado ao trabalho com a competência oral, faz-se necessário uma indagação: até que ponto a excessiva tradução afeta o processo de formação de autonomia do aluno em “arriscar” estruturas da língua alvo? E quanto ao professor a trabalhar com o método: poderia ser um nativo, já que o conhecimento da língua fonte é indispensável nos procedimentos propostos pelo método?

Assim sendo, a Aprendizagem Comunitária da Língua parece obter certo êxito em contextos de cursos de conversação tendo em vista as discussões supracitadas (escolha de materiais, gravações orais e construções de material coletivo, principalmente). 


1- Não se exclui a autonomia em outras faixas etárias e nem a possibilidade de opção por parte dos alunos como ocorre no método,  visto ser a mesma considerada um meio e um fim da educação moderna. No entanto, a realidade educacional brasileira e dos cursos livres baseia-se na explicitação prévia de temas e conteúdos, o que relega ao aluno ( e ao professor) pouco espaço de escolha.
 

Increíble Vida Militar


Proposta de atividade "Increíble vida militar", sugerida aos alunos visando à consolidação do pretérito indefinido:

Usted va a presentarse al concurso “Increíble vida militar”, del sitio oficial del Ejército de Tierra de España. Para ello, relate a la comisión del certamen  un hecho increíble que le haya pasado en algún momento de su carrera militar.
Ponga atención a las informaciones que deben figurar en su texto:

1- La fecha y el lugar que el hecho ocurrió.
2- Cómo se dio el transcurso de las acciones.
3- Quiénes participaban del suceso.
4- La importancia de dicho momento en su vida.


Su texto debe tener como mínimo diez líneas y como máximo veinte líneas. 


Páginas de vidas foram (re) escritas nessa atividade. 

Braço Forte, mão amiga! 

Levantamento Bibliográfico - parte I


O material "Busca de temas relevantes", fornecido pelo Professor Antonio Ferreira (Introdução à Pesquisa em Letras), ressalta a importância da etapa da Pesquisa Bibliográfica, já que  direciona  a busca de subsídios teóricos capazes de dialogar com o tema escolhido: Ensino de pronúncia e intervenção em material sonoro assíncrono (podcast).

Inicio o trabalho de investigação da bibliografia pertinente ao assunto , a fim de verificar "o que existe sobre o tema e problema de pesquisa, observando o estado -da -arte do objeto a ser pesquisado". (Valentim, 2009). 


Livros de Fonética e Fonologia (títulos gentilmente cedidos pela Professora Adriana Ramos):

  • GIL FERNÁNDEZ, Juana (2007). Fonética para profesores de español: de la teoría a la práctica. Madrid: Arco Libros.
  • NAVARRO TOMÁS, Tomás. (2004). Manual de pronunciación española. Madrid: CSIC.
  • SÁNCHEZ, A. & MATILLA, J. A. (2001). Manual práctico de corrección fonética del español. Madrid: SGEL.
  • Nueva Gramática de la Lengua Española: Fonética y Fonologia. Asociación de las Academias de la Lengua Española.
  • Vademécum para la formación de profesores de español. Há uma seção só sobre fonética e fonologia


Trabalenguas

03 de outubro de 2013.

Trabalenguas: uma maneira divertida de abordar a pronúncia em ELE.


Em uma de minhas aulas no mês de julho de 2013,segui a sugestão do livro de base do curso "ECO A1" e apresentei aos alunos os seguintes trabalenguas:

"Cuando yo digo digo, digo Diego y cuando yo digo Diego , digo Digo".

"Juanjo baja la caja abajo".

Cada discente "treinou" as frases nas webconferências e as produções resultantes  acarretaram em muita descontração e interação nos grupos.

As frases utilizadas parecem ser extraídas do repertório oral do Espanhol (o exemplo a ser citado no texto de Ramos (2009) apresenta certa modificação no conteúdo do "refrán" "Dieguístico").

Com o advento das avaliações finais do curso, preocupei-me em reutilizar tal proposta, baseada na experiência de mini-curso "Los alunos hablan, pero ¿cómo, cuándo y qué corregirles?" ,de autoria da Profª Adriana Ramos, aplicado em 2009 no V Encuentro Brasileño de Professores de Español- Instituto Cervantes. (artigo gentilmente cedido pela mesma). 



No  texto, a autora compara a  preparação da produção oral em idioma estrangeiro a ida a uma academia , na qual os músculos teriam  de realizar  um aquecimento  prévio antes de submeter-se aos aparelhos  de ginástica para que estes  não sofram posteriores danos.



A repetição de  trabalenguas  seria, então,  uma  função "preventiva" destinada   a preparar o aparelho fonador à produção de novos fonemas.Nas palavras da autora: "el alumno tiene que preparar los órganos que va a utilizar, calentarlos, estirarlos y dejarlos predispuestos a la realización de nuevos fonemas (RAMOS, 2009: 16)".

Assim sendo , a atividade  foi novamente  lançada aos dois grupos através do  envio de um arquivo de áudio gravado por mim , seguida de  um documento Word contendo os  travalínguas. Os alunos relataram boa aceitação da atividade e esta tornou-se guia nos comentários após as avaliações formativas orais ocorridas nas duas últimas semanas. 

Fonte: RAMOS, Adriana María. Los alumnos hablan, pero cómo, cuándo y qué cooregirles? In: V encuentro brasileño de profesores de español.Marco ELE. núm.9,2009.